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20 de junho de 2025
As conquistas de Bia Haddad em Roland Garros não são significativas apenas para o tênis do Brasil. A trajetória traçada pela paulistana de 27 anos representa uma ascensão também entre as tenistas sul-americanas. Atualmente dona do terceiro ranqueamento mais alto da história do continente, ela pode se juntar às argentinas Paola Suárez e Gabriela Sabatini na restrita lista de atletas da América do Sul que atingiram o top 10.
Sabatini, aliás, é fã declarada da brasileira. A tenista que virou lenda, e até nome de perfume, é campeã do US Open de 1990, o que a faz a única sul-americana a vencer um Grand Slam na Era Aberta, iniciada em 1968. Um ano antes de vencer o Major americano, em 1989, chegou ao terceiro lugar do ranking em simples, posto mais alto alcançado por uma representante do continente. Ao falar sobre Bia, a argentina expressa um sentimento de orgulho.
“Estou tão feliz. Muito animada por vê-la chegar tão longe. Ela é uma grande jogadora, gosto muito dela e a tenho seguido nos últimos dois anos. Estou muito feliz por ela e pela América Latina. Ela realmente merece estar lá. Tem trabalhado muito. Eu gosto da mentalidade dela na quadra, como ela analisa o tempo todo. Ela é muito focada, tem uma concentração muito boa e é estável”, afirmou.
Sabatini foi uma tenista prodígio e alcançou sua primeira semifinal de Roland Garros quando tinha apenas 15 anos, mas nunca venceu o torneio, no qual foi semifinalista cinco vezes. A jornada de Bia é diferente, marcada pela evolução e superação.
ESCALANDO O RANKING
Caso vença a tunisiana Ons Jabeur nas quartas e consiga chegar à sua primeira semifinal em um Grand Slam, a brasileira, atual 14ª colocada do ranking e com a ascensão ao 13º lugar já garantida, pode alcançar a décima posição. Isso só acontecerá desde que a checa Karolina Muchova, que jogou as quartas nesta terça e passou pela russa Anastasia Pavlyuchenkova, não seja a campeã.
No melhor dos cenários, a conquista histórica do título do torneio francês poderia levar Bia Haddad a se tornar a número 6 do mundo. Com isso, ela superaria o auge da argentina Paola Suárez, que atingiu o nono lugar em 2004, melhor posição de uma sul-americana após a terceira colocação de Sabatini.
A tenista paulista já entendeu sua representatividade para o tênis sul-americano e comentou sobre a necessidade de desenvolver o tênis feminino no continente em mais de uma oportunidade. Durante novembro do ano passado, pediu mais competições femininas na América do Sul, durante a coletiva pré-jogo de um duelo com a Argentina na Billie Jean King Cup. Hoje, depois de Bia, a melhor sul-americana é Camila Osorio (colombiana), 86ª do ranking.
“As oportunidades são importantes e é importante criar as oportunidades. As jogadoras sul-americanas merecem também, temos de ter as mesmas oportunidades que os homens”, disse na ocasião. Em fevereiro deste ano, Bia voltou ao assunto após vencer a casaque Elena Rybakina, então décima e hoje número 4 do mundo, em Abu Dabi. “O desenvolvimento do esporte no meu país e na América do Sul é diferente. Não é só para mim, é para a nova geração que pode um dia se inspirar em mim”, afirmou.
A postura e o desempenho de Bia em quadra animam Gabriela Sabatini quanto à possibilidade de vê-la chegar ainda mais longe. A ex-tenista argentina acredita que a brasileira ainda tem muito a trilhar e que está caminhando para o seu auge.
“Definitivamente, há espaço para melhorias. Ela tem um físico ótimo, é canhota e tem um bom saque. Quando eu vi, eu falei: você deveria vir mais para a rede, porque ela tem um jogo que pode terminar pontos ali”, disse.
Focada em continuar fazendo história, a paulista já estava pensando no que poderia melhorar logo após a classificação às quartas, conquistada com a vitória emblemática em jogo de quatro horas contra a espanhola Sara Sorribes Tormo. “Volto aos treinos para melhorar meu tênis, especialmente o saque, que senti que estava abaixo”, disse.
Bia Haddad é a primeira brasileira a disputar uma partida de quartas de final de Grand Slam desde a lendária Maria Esther Bueno, semifinalista do US Open de 1968, ano em que também chegou às quartas em Wimbledon e Roland Garros. Maria Esther tem três títulos de Wimbledon e quatro do US Open, mas conquistados antes de 1968, ano em que se iniciou a Era Aberta, período em que as regras foram alteradas e os Grand Slams, antes disputados apenas por amadores, passaram a aceitar profissionais.
Agora em busca de se tornar a primeira tenista a disputar uma final de Major desde Maria Esther no US Open de 55 anos atrás, Bia enfrenta a tunisiana Ons Jabeur, atual número 7 do mundo, a partir das 6 horas da manhã desta quarta-feira. O duelo será transmitido nos canais fechados ESPN 2 e SporTV 3.
Fonte: Gazeta Digital